segunda-feira, 26 de julho de 2010

Fibrose Cística

A Fibrose Cística, também conhecida como Mucoviscidose, é uma doença genética autossómica (não ligada ao cromossoma x) recessiva (que são necessários para se manifestar mutações nos 2 cromossomas do par afectado) causada por um distúrbio nas secreções de algumas glândulas, nomeadamente as glândulas exócrinas (glândulas produtoras de muco). O cromossoma afectado é o cromossoma 7, sendo este responsável pela produção de uma proteína que vai regular a passagem de cloro e de sódio pelas membranas celulares. A proteína afectada vais ser a CFTR (regulador de condutância transmembranar de fibrose cística). E tal como a proteína, o próprio canal de cloro vai sofrer uma mutação do qual vai resultar um transporte anormal de iões de cloro através dos ductos das células sudoríparas e da superfície epitelial das células da mucosa. (Fig. 3.1). Vai ocorrer então uma alteração no transporte dos iões de cloro através das glândulas exócrinas apicais, resultando dessa anormalidade, uma permeabilidade diminuída ao cloro, fazendo com que o muco da fibrose cística fique cerca de 30 a 60 vezes mais viscoso. A água por sua vez, como vai seguir o movimento do sódio de volta ao interior da célula, vai provocar um ressecamento do fluído extracelular que se encontra no interior do ducto da glândula exócrina. Embora o sistema de transporte mucociliar não se encontre afectado pela patologia, ele vai ser incapaz de transportar uma secreção assim tão viscosa. Devido a essa incapacidade vai haver uma maior acumulação de muco, conduzindo ao aumento do número de bactérias e fungos nas vias, o que vai ser muito prejudicial, podendo levar mesmo a uma infecção crónica nos pulmões. É uma situação grave que pode também afectar o aparelho digestivo e outras glândulas secretoras, causando danos a outros orgãos como o pâncreas, o fígado e o sistema reprodutor.

Nos pulmões, as secreções acabam por obstruir a passagem de ar, retendo bactérias, o que pode conduzir ao aparecimento de infecções respiratórias.

No tracto gastrointestinal, a falta de secreções adequadas compromete o processo digestivo, levando a uma má função intestinal devido a uma insufeciência pancreática. As secreções no pâncreas e nas glândulas dos intestinos são tão espessas e por vezes sólidas, que acabam por obstruir completamente a glândula.

As glândulas sudoríparas, as parótidas e as pequenas glândulas salivares segregam líquidos cujo teor em sal é superior ao normal.

A Fibrose Cística engloba-se num grupo de patologias denomiadas D.P.O.C (doença pulmonar obstrutiva crónica) que se caracterizam por haver uma obstrução crónica das vias aéreas, diminuindo a capacidade de ventilação.

Quando se utiliza o termo DPCO está-se a referir a todas as doenças pulmonares obstrutivas mais comuns como a bronquite crónica (tosse produtiva na maioria dos dias, por pelo menos 3 meses num ano), enfisema pulmonar (quando muitos alvéolos estão destruidos e os restantes ficam com o seu funcionamento alterado), asma brônquica e bronquietcasias.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cartilagem Articular


É uma estrutura resistente e elástica que recobre a superfície dos ossos que compõe uma articulação. Dependendo da articulação sua espessura varia de 0,9 mm a 5,0 mm e ela é tanto mais espessa quanto maior for a solicitação articular.
A cartilagem articular, também conhecida como cartilagem hialina (CH) tem uma composição bastante conhecida, sendo que os seus principais componentes são os colágenos, entre eles o tipo II, IX, e XI, responsáveis pela resistência da CH, os proteoglicanos principalmente as glicosaminas e condroitinas, responsáveis pela elasticidade da cartilagem articular, os condrócitos que são as células responsáveis pela formação de todos os elementos da CH. Todos estes elementos estão mergulhados em água, sendo ela responsável por 85 % do peso de uma cartilagem articular.
As funções principais da cartilagem articular estão relacionadas ao deslizamento das superfícies articulares entre si de uma maneira suave e sem atrito, ao suporte de pressões pelas articulações e a distribuição uniforme das pressões intra-articulares.
Biológicamente as CH não são vascularizadas, o que explica a sua incapacidade de cicatrização, e não são inervadas, daí serem estruturas indolores ao toque e/ou lesões anatômicas diversas.
As lesões traumáticas ou reumáticas sobre as cartilagens hialinas levam a uma diminuição da proteção do osso que se encontra sob ela (osso sub-condral), estrutura essa inervada e sensível a pressões e impactos, resultando em dor articular , limitação funcional e nos casos mais acentuados até a fusão dos ossos da articulação (anquilose) com perda total do movimento .
Lesões traumáticas de cartilagem hialina podem ocorrer em situações de fraturas articulares , micro traumas de repetição(esporte de grande impacto,desvios de eixo da articulação , obesidade etc.) ou mesmo sem causa conhecida como em algumas doenças próprias da CH como osteocondrite dissecante e necrose avascular.
Lesões reumáticas da CH ocorrem principalmente na osteoartrose e artrite reumatóide que podem ser explicadas por fatores mecânicos , genéticos, ou auto-imunes. Nestes casos tem uma evolução própria e quando não tratadas a tempo levam a sérias conseqüências com limitações funcionais importantes e perda da qualidade de vida dos pacientes.
Na articulação do joelho as lesões de cartilagem, também chamadas lesões condrais, podem ser causadas por qualquer uma das razões já citadas anteriormente, e o diagnóstico deste tipo de lesão é feito inicialmente por uma estória e exame clinico detalhados, pelo exame radiológico simples que nos casos mais avançados de lesão condral (osteoartrose), pode mostrar diminuição dos espaços articulares, desvios de eixo dos joelhos, áreas de cistos abaixo da cartilagem etc. Nas lesões condrais focais, pequenas ou decorrentes de patologias próprias da cartilagem, a ressonância nuclear magnética é o exame por imagem que melhor confirma o diagnóstico e principalmente orienta uma conduta terapêutica e o prognóstico da lesão.Uma vez feito o diagnóstico de uma lesão condral no joelho, o seu tratamento se impõe e deverá ser feito de acordo com a extensão da mesma. Nos casos de osteoartrose onde as lesões são extensas e completas o tratamento deve inicialmente ser conservador, através de antiinflamatórios e analgésicos, que podem ser de uso sistêmico ou local dependendo da resposta e gravidade da lesão e basicamente de medidas fisioterápicas que devem procurar aumentar o grau de movimento da articulação acometida através de exercícios de alongamento, melhorar o suporte muscular da articulação através de exercícios com carga moderada e principalmente orientação ao paciente quanto ao seu controle de peso e quanto as seus limites nas atividades físicas esportivas.
O tratamento cirúrgico para a artrose do joelho está reservado para os casos que são extremamente dolorosos e limitantes e não respondem ao tratamento conservador. Dois tipos de tratamento cirúrgico podem ser adotados: As osteotomias que visam corrigir o eixo do joelho e com isso distribuir melhor as cargas no mesmo, poupando a superfície articular lesada ou as artroplastias que visam substituir parcial (prótese unicompartimental) ou totalmente (prótese total) as superfícies articulares acometidas. Os três tipos de tratamento cirúrgico tem indicações precisas e específicas ficando a cargo do cirurgião do joelho a decisão final por um ou outro tipo de técnica.No caso de lesões condrais focais, pequenas e bem definidas é importante também o seu tratamento, pois podem evoluir para lesões extensas (osteoartrose) em curto espaço de tempo.
O tratamento medicamentoso para estas lesões é ainda duvidoso e se baseia no uso de suplementos alimentares (glicosaminas e condroitinas) associados a fisioterapia, sendo que o uso desta conduta é inconclusivo..Em casos selecionados se propõe o tratamento cirúrgico visando restaurar a cartilagem comprometida, e isso pode ser feito por microfraturas da área lesada, enxerto de tecido osteocondral para esta área ou mais modernamente pelo transplante de condrócitos retirados do próprio paciente, cultivo destas células em laboratórios de biologia celular, o seu enxerto na área a ser tratada. Todos estes procedimentos quando bem executados levam ao preenchimento da área lesada por um tecido com características biológicas inferiores a cartilagem normal, sendo que o transplante de condrócitos é o que resulta em um tecido mais próximo da cartilagem original.
Por sua importância como a responsável pela qualidade funcional de uma articulação durante toda a nossa vida é fundamental que se tenha um cuidado especial com a cartilagem articular, evitando-se grandes aumentos de peso corporal, praticando-se esportes dentro de um limite que não exceda a sua capacidade de amortecimento e que com o passar do tempo se adapte as atividades físicas ao envelhecimento fisiológico da articulação.

Fonte: www.grupodojoelho.com.br

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Lesões no Joelho

Conforme enquete realizada por este blog, 66% dos internautas responderam que o joelho é a articulação mais lesada durante suas práticas desportivas.

"O joelho é uma articulação de extrema importância, sendo composto pelos ossos da coxa (fêmur) e da perna (tíbia), além da patela (antigamente chamada de rótula). A junção desses ossos depende de estruturas de suporte, como ligamentos, a cápsula da articulação e os meniscos, que garantem a estabilidade da mesma".

As lesões de joelho são bastante comuns em indivíduos que praticam esportes, e que estão submetidos a exercícios que levam a impacto importante nessa articulação. O sofrimento crônico da articulação pode levar a dor, desgaste, problemas para andar, entre outros. Por isso, é importante que as pessoas que pretendem praticar exercícios procurem orientação médica/fisioterapêutica antes e durante essa prática, de forma a evitar complicações futuras.

Lesões de menisco

As lesões de menisco são raras na infância, ocorrendo principalmente no final da adolescência, com pico na terceira e quarta décadas de vida. A principal causa é o trauma ("acidentes agudos") da articulação, porém, após os 50 anos de vida deve-se principalmente a artrite do joelho. O menisco pode apresentar vários tipos de lesão: rupturas parcial, total e complexas. Além disso, a ruptura do menisco pode ocorrer sozinha ou associada à ruptura de ligamento.

O indivíduo, geralmente, conta uma história de queda, rotação do joelho ou outro trauma, sente dor no joelho, apresenta-se mancando e a articulação mostra crepitações (barulhos, estalos) e limitação do movimento (o joelho não consegue se mover em todas as direções na amplitude normal).

Nos casos de lesões leves e em que o paciente não está sentindo nenhum sintoma, não é necessária cirurgia. Já nos casos de dor persistente, pode ser realizado um exame chamado artroscopia. Nesse exame, um aparelho é introduzido na articulação e permite que o médico veja diretamente as lesões presentes. Durante o exame, pode ser feito o tratamento, com retirada da parte rompida do menisco. A recuperação total da função do joelho ocorre em 4-6 semanas.

As lesões de algumas partes do menisco não precisam ser retiradas, pois elas recebem bastante sangue da circulação, e isso facilita a cicatrização da ruptura. Já as grandes rupturas exigem o reparo. Em alguns casos, é necessário também a reconstrução de um ligamento do joelho, para ajudar na estabilização da articulação e impedir que o joelho adquira uma movimentação anormal.

Sabe-se que a retirada do menisco, em idade precoce, está associada a um risco maior de osteoartrite em idade mais jovem. Uma alternativa, que previne essa complicação, é o transplante de menisco, que leva a bons resultados. No futuro, outros tratamentos poderão permitir a regeneração do menisco.

Lesões de ligamentos

Os ligamentos trabalhem em conjunto com os meniscos, e freqüentemente nas lesões agudas, ocorre comprometimento de mais de uma estrutura. Nas lesões de ligamentos, podemos observar estiramento com ou sem instabilidade do joelho ou ruptura completa do mesmo.

Essas lesões acontecem muito comumente em atividades esportivas, quando o pé está fortemente apoiado no chão e a perna sofre uma rotação brusca. O indivíduo pode sentir o estiramento/ruptura do ligamento, e é incapaz de continuar a atividade que estava praticando. Alguns ligamentos são lesados mais freqüentemente do que outros, e cada um requer um tipo específico de tratamento.

O paciente apresenta forte dor e pode mostrar também espasmos musculares. Em alguns casos, há derramamento de sangue dentro do espaço da articulação, uma situação chamada hemartrose. O médico sempre deve pesquisar uma possível lesão de menisco associada. Existe também a possibilidade de o comprometimento do ligamento ser crônico e o indivíduo conta que o joelho às vezes não completa o movimento. Freqüentemente, nesses casos, esses pacientes não procuram o médico logo que os sintomas iniciam-se, mas quando surgem outros sintomas como fraqueza muscular e piora da capacidade para andar.

O tratamento indicado, como já dissemos, vai depender do ligamento lesado e da gravidade da lesão. Pode ser necessária reconstrução cirúrgica, especialmente em atletas. O processo de reabilitação, após a cirurgia, é de extrema importância para garantir a mobilidade completa da articulação. A grande maioria dos casos atinge recuperação completa ou quase completa da movimentação normal do joelho.

Deslocamento de patela

O deslocamento de patela é uma importante causa de hemartrose e deve sempre ser pesquisado nos casos de trauma agudo do joelho. Essa lesão ocorre quando o joelho está dobrado e a perna sofre uma força de "rotação para fora". É mais comum em mulheres, na segunda década de vida.

O indivíduo relata que a patela (rótula) deslocou "para fora", ou então pode falar que o restante do joelho deslocou "para dentro". Porém, geralmente, o deslocamento só é visualizado na hora em que ocorre, pois a redução (ou seja, a volta da patela para seu lugar normal) ocorre quando a pessoa estica a perna. Quando o médico examina o joelho, o paciente vai queixar dor e desconforto quando a patela é movimentada ou quando o joelho é dobrado.

Existem várias formas de tratamento para essa lesão, incluindo imobilização imediata associada a exercícios para fortalecimento muscular, imobilização com gesso por 6 semanas seguida de reabilitação, cirurgia, etc. É importante que se faça um estudo da presença de possíveis fatores predisponentes. Se o deslocamento ocorrer novamente, é necessário fazer um realinhamento da patela.