quinta-feira, 1 de abril de 2010

O que é o Coração de Atleta? É perigoso?



Em fins do século XlX, observações biológicas concluíram que corações de animais selvagens eram mais pesados do que os corações dos animais da mesma espécie porém domésticos (cachorro do mato x cachorro doméstico da mesma raça). Este fato sugeriu que a vida fisicamente mais ativa tornava o coração maior. Na primeira olimpíada moderna em fins de século XIX (1896) um médico alemão constatou que atletas esquiadores na neve de montanha, tinham corações maiores do que dos não atletas. Mesmo com a medicina evoluindo, apenas nos últimos anos começou a ser descrito o que seria um coração de atleta e mais recentemente suas características fisiológicas. Ainda assim alguns detalhes causam perplexidade em médicos não especialistas em exercício e esportes que chegam a confundir essas características com doenças cardíacas. Para melhor esclarecer vocês podemos descrevê-las: 1. Bradicardia (freqüência cardíaca menor que 60 por minuto) é muito comum em atletas bem condicionados, principalmente de modalidade esportiva de alta performance ou resistência (triathlo, maratona); 2. Cardiomegalia (crescimento do coração em tamanho e peso) menos freqüente que se imaginava; 3. Alguns tipos de sopros cardíacos considerados benignos; 4. Várias alterações do eletrocardiograma, do raio-x do coração e do ecocardiograma. Essas alterações ocorrem em atletas que trabalham intensamente por longos períodos e são reversíveis quando abandonam os treinamentos e competições. A diferenciação do que é fisiológico do que é patológico deu origem ao setor da Medicina hoje estruturado como Cardiologia do Exercício e do Esporte, onde se avalia e se investiga das alterações encontradas nos atletas. Portanto ser portador de Coração de atleta, indica que seu aparelho cardiovascular fez as adaptações do coração à atividade esportiva intensa, não significa doença atual ou futura, apenas como rotina deve-se realizar avaliações semestrais para acompanhar essa alterações benignas na maior parte das vezes. No entanto existe um número de atletas com doenças cardíacas ao redor de 8%, mas que se beneficiaram com tratamentos, inclusive cirúrgicos, posso afirmar que os afastados definitivamente foram em número bem menor. Atualmente alguns estão em acompanhamento cardiológico, mas participando de competições sem correrem maiores riscos. Gostaria de lembrar que hoje é muito fácil resolver a maioria dos casos, o que deve ser lembrado é que se deve fazer o exame médico cardiovascular de rotina, antes de participar de atividades físicas e competições.

Um comentário:

  1. Artigo bem esclarecedor.
    Caro Frederico, tenho braquicardia, pois sou atleta (corredor de rua) há mais de 13 anos. Uma noite passei mal, senti sintomas de "apagamento", sensação de morte, respiração difícil, leve dormência no dedo mindinho esquerdo. Ao chegar no Hospital do Coração em Brasília/DF, o cardiologista, de posse de meu eletrocardiograma, me assustou bastante afirmando que a qualquer hora eu poderia ter um infarto. Fiquei em estado de choque, com tremores fortes no corpo todo. Fiz cateterismo e outros exames. Diagnóstico: nada. Tudo funcionando bem. Só estou inseguro quanto se meu "coração de atleta" com essa frequência baixa pode me trazer consequências ruins, como um infarto. Muito obrigado.

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